Resenha: CIBERCULTURA
Pierre Levy
Cap. X A nova Relação com o Saber
Pierre Levy inicia este capítulo dizendo que devemos fazer reflexões sobre o futuro dos sistemas em educação, mas devemos antes fazer uma análise prévia desta relação com o saber. Ele explica que a velocidade do surgimento e renovação de sistemas está cada vez maior e que provavelmente uma pessoa que inicia um percurso profissional não chegará ao fim dele com o mesmo conhecimento, pois ao longo deste processo muitas mudanças ocorrerão.
Uma nova natureza de trabalho surge onde a transação de conhecimento cresce a cada dia, pois trabalhar significa aprender, transmitir saberes, trocar experiências e etc. Nesta era digital as funções humanas se modificam, pois as “tecnologias intelectuais” citadas por Levy são dinâmicas, objetivas e podem ser compartilhadas por várias pessoas. Os saberes adquiridos no mundo do trabalho têm muito valor, pois as transformações e necessidades das empresas fazem com que o homem evolua suas idéias e aprimorem seus conhecimentos.
Levy fala sobre o ciberespaço e conta uma experiência que viveu dizendo que quando era professor solicitou aos alunos um trabalho que deveria conter três páginas, mas um aluno entregou um trabalho “virtual” diferente dos demais e que para ele ali nascia uma nova cultura. A Web é uma ferramenta infinita onde não existe hierarquia, ela articula uma infinidade aberta de pontos de vista, mas não conseguimos ver ou acessar um todo, pois este “todo” está totalmente fora de alcance. Podemos fazer do que escolhemos e necessitamos o nosso “todo”.
Nas páginas da Web temos acesso á saberes, idéias, ofertas, e muitas outras coisas. No ciberespaço, o saber não pode mais ser concebido como algo abstrato, ele se torna ainda mais visível e em tempo real. Pela internet temos acesso á bibliotecas virtuais, muitos textos e livros, assim como congressos virtuais, reuniões em tempo real e etc.
Segundo o autor a simulação ocupa um lugar central entre os novos modos de conhecimento trazidos pela cibercultura. Os usuários da rede têm um (aumento de inteligência) e permite aos grupos que compartilhem, negociem e refinem modelos mentais comuns um “aumento da inteligência coletiva”.
Cap. XI As Mutações da Educação e a Economia do Saber
Neste capítulo Levy diz que as instituições de educação estão hoje submetidas a novas restrições no que diz respeito à diversidade, velocidade e evolução dos saberes. A demanda de formação é muito grande. As instituições como faculdades, cursinhos e escolas estão saturadas, a partir daí viu-se a necessidade de criar cursos a distância que tem um custo mais baixo que as de ensino “presencial”.
A demanda de formação de pessoas tem um enorme crescimento de quantidade e também de qualidade, pois existe uma necessidade de diversificação e de personalização do saber. Alguns dispositivos informatizados de aprendizagens em grupo existem para o compartilhamento de diversos bancos de dados e uso de conferências e correio eletrônico.
A discussão sobre o nascimento das novas tecnologias na educação desenvolveu-se em vários eixos, existem vários trabalhos cujos temas se referem a multimídia como suporte de ensino. O computador que têm a “função” educativa e de comunicação traz aos estudantes instrumentos de pesquisa, calculo, produção de mensagem texto e etc. A Educação deve se preparar para esse novo universo de trabalho, mas é preciso admitir também o caráter educativo ou formador de numerosas atividades econômicas e sociais.
As aprendizagens e qualificação adquiridas ao longo de experiências sociais e profissionais dos indivíduos não geram hoje nenhuma qualificação. Segundo Levy (p175) “Uma vez que os indivíduos aprendem cada vez mais fora do sistema acadêmico, cabe aos sistemas de educação implementar procedimentos de reconhecimento dos saberes e savoir-faire adquiridos na vida social e profissional”. Muitas empresas já usam simuladores, testes e outros para detectar conhecimentos que aquele indivíduo pode ter.
Cap. XII As Árvores de Conhecimentos, um instrumento para a Inteligência coletiva na educação e na formação
Novos processos como orientação dos estudantes em espaço do saber flutuante e destotalizado, aprendizagens cooperativas e inteligência coletiva no centro de comunidades virtuais atualizam a nova relação com o saber. Segundo Levy (pg 177), “As árvores de conhecimentos são um método informatizado para o gerenciamento global das competências nos estabelecimentos de ensino, empresa, bolsas de emprego, coletividades locais e associações”. Em vários locais da Europa está sendo experimentada, em empresas como a Èletricité de France e a PSA (Peugeot e Citroen).
Com essa abordagem é possível fazer com que toda a diversidade e competências de um grupo sejam reconhecidas. Cada competência é analisada por meio de teste, fornecimento de provas e etc. A árvore de certa comunidade cresce na mesma medida em que as competências da própria comunidade evoluem. É possível ver pela formação da árvore as competências daquele grupo e até mesmo desenvolvimento individual dos envolvidos.
Esta árvore se torna um verdadeiro “mercado de competências”, pois por meio dela pode-se contribuir para lutar contra a exclusão e o desemprego ao reconhecer os savoirs-faire daqueles que não possuem nenhum diploma.
Este mesmo projeto foi implementado em cinco universidades da Europa: a Aarthus na Dinamarca, a de Siena na Itália, a de Limerick na Irlanda, a de Lancaster na Inglaterra e a de Genebra na Suiça. Todos os alunos conseguiam ver as árvores dos outros cursos e era possível fazer troca de experiências entre os diferentes cursos e disciplinas, podiam determinar o perfil de competência que o aluno desejasse adquirir e podiam também consultar em tempo real a descrição de todos os cursos, dentre outros.
Por meio da Web é possível tornar real muitos sonhos e projetos que temos em mente, mas que não dispúnhamos anteriormente de recursos e/ou sistemas capazes de desenvolver de forma satisfatória essas necessidades. Acredito que a “socialização” por meio de um computador traz benefícios incontáveis pra vida pessoal e profissional de um indivíduo, seja com realização de projetos mais elaborados ou apenas como objeto de consulta de temas e idéias de seu interesse.
O texto faz uma análise da Educação e da Cibercultura. Para tanto, faz-se necessário saber o que é cibercultura. Segundo autores especialistas no assunto a cibercultura é a relação entre as tecnologias de comunicação, informação e a cultura, trata-se de uma nova relação entre tecnologias e a sociabilidade.
O texto relata a velocidade da evolução da Educação. Segundo Lévy (1999,p.57) “ a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no início de seu percurso profissional estarão obsoletas no fim de sua carreira”. Segundo o próprio autor devemos construir novos modelos do espaço do conhecimento, sendo necessário duas grandes reformas nos sistemas de educação e formação: EAD (ensino aberto e a distância) e o reconhecimento das experiências adquiridas. O EAD explora técnicas de ensino a distância explorando todas as técnicas e tecnologias da cibercultura, de certa forma, obrigando o professor a se tornar um animador de inteligência coletiva em vez de um fornecedor de conhecimentos. Na segunda reforma ressalta que não basta ter conhecimentos adquiridos em salas de aula, o importante é buscar as ferramentas do ciberespaço que permitem buscar vastos testes automatizados acessível a qualquer momento.
O texto decorre apresentando pontos de vista de estudiosos. Faz uma comparação entre o conhecimento e a web. Para Lévy (1999, p.161) “o conhecimento ainda era totalizável, adicionável. A partir do século XX, com a ampliação do mundo, a progressiva descoberta de sua diversidade, o crescimento cada vez mais rápido dos conhecimentos científicos e técnicos (...) o domínio do saber tornou-se cada vez mais ilusório”. A web não é congelada no tempo, transforma-se momentaneamente, é um fluxo de informações. Por outro lado, as páginas da web exprimem idéias, desejos, saberes, ofertas de transação de pessoas e grupos humanos, não são assinadas. O ciberespaço deixa de ser algo abstrato ou transcendente para ser algo tangível em tempo real.
Lévy (1999) descreve mutações nas formas de ensinar e aprender. Especialistas reconhecem que a distinção entre ensino “presencial” e ensino “à distância” será cada vez menos pertinente, pois o uso das redes de comunicações vem cada vez mais ampliando e integrando às formas de ensino. A função do professor não se limita à difusão de conhecimentos, o professor deve ter competência para incentivar a aprendizagem e o pensamento.
Diversos locais como a Europa, têm adotado o instrumento para a inteligência coletiva na educação e na formação: as árvores de conhecimentos. As árvores de conhecimentos são um método informatizado para o gerenciamento global das competências, chamado brevês, em diversos locais e associações: empresas, universidades, escolas de administração, coletividades locais, conjuntos habitacionais, dentre outros. Diante dessa abordagem, os membros de uma comunidade podem fazer com que toda a diversidade de competências seja conhecida mesmo que essas pessoas não foram validadas pelos sistemas escolares. Essa abordagem é disponibilizada para consultas na tela dando o aspecto de uma árvore sendo que em cada comunidade essa árvore cresce de forma diferente. Cada competência é reconhecida por meio de testes, provas, etc. O crescimento dessa árvore está atrelado à evolução das competências de cada comunidade, sendo diferente para cada uma delas, e para cada indivíduo possui uma imagem pessoal, uma diversidade de competências, uma posição na árvore do conhecimento. Posteriormente, outros países adotaram essa abordagem, chamado de projeto Nectar, que visava facilitar a circulação de estudantes pela Europa por meio da construção cooperativa de um sistema comum de reconhecimento dos saberes. Assim, os estudantes podem passar de um país para outro, conservando a sua lista de brevês que define suas competências e essa lista torna-se mais enriquecida à medida que se agrega experiências. Dessa forma é possível difundir, dividir, conectar árvores, mergulhar pequenas árvores em outras maiores, ressalta Lévy (1999).
Sendo assim, pode-se concluir que a Cibercultura está mesmo se tornando realmente um meio de aquisição de conhecimentos gerais, específicos e culturais de diversas fontes de informação, seja por uma forma organizada de troca de informação, bilateral, poli-lateral, o por apenas de um lado de interesse. O que fica como informação assimilada na leitura e resenha do texto, é que estamos mais próximo do “saber” do que imaginamos. Obter informação está mais fácil devido ao avanço das telecomunicações. Por outro lado a velocidade em que estas informações vêm e vão, o grau de globalização atingido das informações e exigência de conhecimentos que precisamos ter, é a moeda de troca por sermos “ciberpesquisadores”.
Bibliografia
Lévy, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo. 34 ed. 1999. 157-183.
RESENHA
Neste capitulo o texto faz uma reflexão sobre os sistemas de educação no que diz respeito à cibercultura em relação ao saber. Dessa maneira há três verificações, a primeira é sobre a velocidade de surgimento dos saberes, a segunda diz respeito à nova natureza do trabalho e a terceira é a modificação que ampliara funções cognitivas dos saberes.
Podemos dizer que as novas tecnologias favorecem formas de acesso à informação, novos estilos de raciocínio e conhecimento onde podem ser compartilhadas entre indivíduos, assim aumentando o potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos.
“O que é preciso aprender não pode mais ser planejado nem precisamente definido com antecedência”. Neste trecho o autor deixa claro que não existe um ensino ou conhecimento pronto e acabado para todos, mas que devemos buscar um novo modelo de conhecimento mais aberto e evolutivo.
Portanto o admirável é que se reorganize este contexto com intuito de favorecer a aprendizagem em rede e a aprendizagem coletiva, onde o professor possa desfrutar das ferramentas que estão ao seu alcance levando o mesmo para dentro do ambiente escolar.
Em segundo momento o texto trás uma contribuição sobre as paginas da web, na qual exprimem idéias, desejos, saberes e a interação de pessoas e grupos humanos. Dentro disso o ciberespaço é um novo suporte de informação e de comunicação onde surgem gêneros de conhecimento.
Com este novo suporte o sistema educativo encontra-se submetido à evolução dos saberes, com isso é preciso que os profissionais da educação ampliem seus conhecimentos no que diz respeito às técnicas de ensino a distancia, uma vez que a demanda de formação esta tendo um enorme crescimento positivo.
Dessa maneira este novo sistema está cada vez mais acessível para os estudantes e professores, onde os mesmos encontram amplas oportunidades de conhecimento e aprendizagem.
É importante destacar que com o uso crescente das novas tecnologias digitais em rede, as praticas pedagógicas precisam ser repensadas e questionadas no que diz respeito à cibercultura. Uma vez que a mesma oferece uma troca de saberes permitindo todos os seres humanos uma formação elementar de qualidade.
Neste sentido os indivíduos estão todo tempo em período de aprendizagem. Não existe mais aquela velha historia de que o trabalho está separado do período de aprendizagem, uma vez que a transação de informação e de conhecimento faz parte da atividade profissional dos indivíduos.
O autor Pierre lévy faz uma observação fundamental em relação à estreita associação entre o ensino e o reconhecimento dos saberes, no qual ele diz que os indivíduos estão aprendendo cada vez mais fora do ambiente educacional.
Deste modo o autor ainda diz que, cabe aos sistemas de educação planejar procedimentos que irão de certo modo obter reconhecimento em relação aos saberes adquiridos na vida social e profissional.
Dentro disso as arvores de conhecimento são um método para o gerenciamento das competências nas instituições de ensino, no que diz respeito às habilidades comportamentais quanto os savoir-faire. A representação deste em uma árvore de conhecimento permitiu a localização de um determinado saber.
Neste sentido Cada individuo possui uma imagem, onde possui seu destaque pela competência adquirindo assim um melhor apreço pelo saber. Segundo o autor Pierre lévy cada pessoa que se autodefiniu ao obter um certo numero de sinais de competências torna-se, ao mesmo tempo, acessível pela rede.
Assim este instrumento torna visível a evolução rápida de várias competências, permitindo a diversidade da mesma não restringe os indivíduos a uma categoria ou profissão, mas favorece o desenvolvimento pessoal continuo.
Podemos perceber que a perspectiva traçada pelo autor não requer de forma alguma decisões e organizadas em grande escala. O que ele propõe com essas novas tecnologias é que todos tenham acesso, sempre centrado na luta contra a exclusão.
É importante enfatizar que a relação com a aprendizagem e a transmissão de conhecimento não é mais reservada apenas para uma parte da população(elite), mas que hoje os indivíduos tem a oportunidade de manter e enriquecer suas competências durante suas vidas.
Dessa maneira a cibecultura não é só a passagem do presencial à distancia, nem do oral à multimídia, mas é a transição de uma educação e uma formação, onde há uma troca de saberes garantido todos uma formação elementar de qualidade.
Bibliografia
Texto: Pierre lévy, Cibercultura, São Paulo: Ed.34, 1999, coleção TRANS, capítulos 10, 11, 12
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
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